Há exatos dois anos, eu, Vittorio Lo Bianco, Clarisse Almeida, Renata Vittoretti, Judith Mello, Paula Barja, Mário Lima e Everton Santos fechávamos com chave de ouro nosso mandato (2016-2018) à frente do sindicato. Em 30 de agosto de 2018, recebíamos na Alerj uma homenagem do deputado Eliomar Coelho pela nossa atuação em defesa da educação e do serviço público. Naquele momento, junto aos nossos colegas conseguimos perceber claramente que toda a nossa trajetória na luta sindical até aquele momento não havia sido a toa.
A composição da mesa no plenário da Alerj – com companheiros de outras categorias do estado: Flávio Sueth, da Assemperj, Luciane Silva, da Aduenf, Anelise Roque, da Asproerj, Nelson, da Anaferj e Gustavo Belmonte, da Asdperj – já é evidência da construção da nossa luta sindical. Os anos do governo Pezão foram muito cruéis com o funcionalismo estadual. Muitas categorias sofreram com mais de dois anos de salários atrasados, ameaças de privatizações, e efetivos cortes de direitos, como congelamento de progressões, promoções e aumento da contribuição previdenciária, mudanças de regras quando a licenças sem vencimento (apenas alguns exemplos). No mesmo dia, foram homenageados também nossos colegas da Anaferj – Associação dos Analistas da Fazenda Estadual.
Vale lembrar que eu, Vittorio, Clarisse, Judith e Renata fechávamos ali nosso segundo mandato. Quando assumimos, ainda em 2014, tínhamos poucos meses de funcionalismo público e nenhuma noção do que nos aguardava! Totalmente inexperientes no que se refere à luta sindical, sabíamos apenas que a luta era necessária frente ao cenário político da atualidade. A Associação de Servidores da Fundação Cecierj (Acecierj) que encontramos existia de fato, porém não de direito. Antes do nosso concurso, a Fundação contava com apenas 40 servidores estatutários e os custos da formalização da associação se tornavam inviáveis.
A partir de abril 2014, chegaram cerca de 120 novos funcionários e isso, por si só, é uma pequena revolução. Esse monte de gente chegou com diferentes experiências e ideias. Todas, como qualquer pessoa que muda de emprego, querendo ser felizes na nova etapa de vida. Agradecemos às lideranças anteriores da Acecierj, que logo se esforçaram para nos ensinar que dependemos uns dos outros para buscar melhorias nas nossas condições de trabalho. Nós trabalhávamos no prédio conhecido como Banerjão, sob constantes ameaças de despejo, pois já era notório que o prédio precisava de reformas. Assumimos a diretoria da associação em agosto 2014 e nossas pautas iniciais eram muito básicas: conserto do ar condicionado, extintores de incêndio dentro da validade, treinamento para caso de emergência, mobiliário novo, regras justas para o controle de ponto biométrico, além da defesa de um planejamento estratégico para a Fundação para que pudéssemos nos reconhecer e nos fortalecer como instituição. E assim foi o tom do nosso primeiro ano de mandato, com muitas reuniões com os servidores de todos os departamentos e eventos de integração. Destacamos a festa do Dia do Servidor Público, a confraternização de fim-de-ano no Museu Ciência e Vida, que contou com sessão no planetário para os servidores da casa e a do Dia do Trabalhador, já em 2015.
Com pouco mais de um ano de mandato, os desafios se tornaram muito maiores e mais complexos. Em novembro de 2015, nosso salário foi parcelado em duas vezes. No início de dezembro, não entrou a segunda metade do décimo terceiro (que viria a ser parcelada em 5 vezes). Em seguida, veio a mudança do calendário de pagamento: o salário não mais seria pago no segundo dia útil, mas no quinto e, posteriormente no décimo (que pode ser até o dia 15 do mês). Logo percebemos que precisaríamos nos unir a outras categorias do funcionalismo estadual, que estavam sofrendo os mesmos problemas. No início de 2016, se constituiu o Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe) cujas pautas principais eram (1) pagamento de salário em dia e o retorno do calendário de pagamento ao segundo dia útil e (2) derrubada do que chamávamos de pacote de maldades – um conjunto de propostas do governo Pezão que visavam a retirada de direitos e a privatização de diversos órgãos estaduais.
Março desse ano foi um mês marcante para o nosso amadurecimento enquanto organização classista: foi o mês em que formalizamos e obtivemos o CNPJ da nossa associação e também, o mês em que entramos em greve (a partir da constituição de uma comissão de greve). Agradeço até hoje a orientação do Dr. Ítalo Pires Aguiar, advogado que ainda atende o sindicato e que se tornou meu amigo nesse processo! Nossa greve foi muito forte e bonita, de valorização da instituição, para além dos trabalhadores. Fizemos inúmeras ações de sensibilização do público – tanto no centro do RIo de Janeiro, como em Duque de Caxias, perto do Museu – para que a população conhecesse os projetos da Fundação, antes de falarmos sobre as condições precária de trabalho que tínhamos. Entre nossas pautas de greve estavam o planejamento estratégico e transparência na gestão. Após a audiência de conciliação, em 12 de maio, retornamos ao trabalho, mas mantivemos um alto grau de mobilização, com uma ação coordenada entre as três sedes (centro do Rio, Benfica e Museu), em que atualizávamos todos os dias um mural com as nossas demandas.
Em julho do mesmo ano, fomos, de fato, despejados do Banerjão, após um processo muito estressante de incerteza quanto ao nosso destino. Acabamos indo para uma sede em boas condições, na rua da Glória, com mobiliário adequado e uma vista lindíssima para a baía de Guanabara. Porém… (1). a mudança foi feita às pressas e ficamos cerca de um mês sem acesso a internet lá, período durante o qual ficamos trabalhando de casa; (2) discordamos da solução do governo do estado de pagar aluguel, em vez de reformar e utilizar um de seus imóveis próprios e (3) felicidade dura pouco e em menos de um ano depois fomos despejados novamente (justamente pelo curto do imóvel), mas isso é assunto para mais adiante.
Em agosto, houve eleições na associação.
A maior parte da diretoria permaneceu, com alguma renovação:
Bruna Werneck