Nossa Carreira, por Licia Matos

Logo que entrei na Fundação Cecierj, em 2014, me surpreendi com o desânimo dos colegas antigos em relação à instituição. Eles sempre mencionavam a ausência de direitos básicos da carreira, como auxílio-transporte e alimentação, e a progressão e promoção. Eu pouco entendia o que aquelas coisas significavam na prática. Estava empolgada por ter ingressado numa instituição pública para trabalhar com o que sempre amei, tive a sorte de encontrar uma ótima equipe, cheia de pessoas muito capacitadas, criativas e interessadas em tomar para si aquele espaço, assim como eu.Por um período, julguei que aqueles colegas que estavam na Fundação há bastante tempo (quatro, oito, dez anos) reclamavam exageradamente. Eu não entendia como aquele trabalho que me gerava tantas expectativas boas era alvo de tamanha frustração para eles. Foi preciso tempo para entender o que eles sentiam.

Com o passar dos anos, vi compromissos do governo e da gestão da Fundação Cecierj serem firmados e descumpridos. Vi ótimos profissionais e amigos queridos indo embora para outras instituições. Vi meu salário cada vez mais desvalorizado, sem correção da inflação, sem perspectiva de reajuste, sem a progressão e a promoção, cujo processo para a regulamentação parecia um buraco negro. Ficamos quase um ano com salários atrasados, mudaram a data do nosso pagamento para o décimo dia útil do mês, ameaçam acabar com nossos triênios e com nossa estabilidade. Com o tempo, sinto que também endureci.

Apesar disso, o que também vejo diariamente ao longo destes seis anos é nosso sindicato, antes associação, incansável em defender o que é melhor para os servidores. Vejo também, em mim e nos colegas, o comprometimento com o trabalho que fazemos. Entre cursos de capacitação, pós-graduações, pedidos de reunião com equipes afins, participação intensa em discussões sobre nossas atividades e como podemos melhorá-las, a certeza que fica é que, se esse pequeno grupo de servidores fosse devidamente reconhecido, a Fundação Cecierj poderia ser muito melhor do que é hoje. É para isso que trabalhamos. Merecemos ser respeitados, valorizados e felizes nessa instituição.

Licia Matos – Revisora e ex-diretora do SindCecierj

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